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Tudo Sobre Café: Desde o melhor grão até a forma de consumi-lo

Tudo sobre café

Nem toda bela história de amor começa com um “Era uma vez”. Às vezes, começa despretensiosamente entre uma xícara e outra. Se você é uma dessas pessoas que se descobriu enamorada somente agora, prepare-se para ler tudo sobre café – a nossa paixão.

Hoje, o café é a segunda bebida mais consumida do mundo, perdendo apenas para a água. Os países onde mais se consomem a bebida estão no norte da Europa e os países de maior produção estão na América Latina. Mas, a planta cafeeira não é nativa das Américas e sim da Etiópia.

Como quem aprecia um bom café aprecia também uma boa história, este é aquele momento em que a gente aconselha você a servir-se de uma xícara grande e fumegante da bebida para nos acompanhar nessa narrativa.

Breve história da descoberta do café

Reza a lenda que certa vez um pastor acompanhava seu rebanho de carneiros nos montes da região do Quênia. Ele notou que os animais ficavam mais ágeis e animados quando comiam as folhas e frutinhas de um determinado arbusto. Kaldi, o pastor, resolveu provar também e sentiu-se realmente energizado.

Logo os frutos despertaram o interesse comercial, especialmente no Egito e nas Arábias, chegando assim à Europa. Contudo, antes de atravessar os mares, o café criou densas raízes no mundo árabe graças à lei seca do Islã. Embora nem todos os religiosos concordassem com a energia advinda da planta, argumentando que seria contrária ao estado de paz pregado pelo profeta, era um ótimo item de comércio.

Para sustentar os argumentos de “prós x contras” os árabes precisavam descobrir tudo sobre café e assim iniciaram pesquisas e experimentações cafeeiras. Agradecemos a eles as descobertas gastronômicas, e até medicinais, provenientes da planta e da bebida.

Contudo, há registros milenares em que várias tribos africanas já conheciam as propriedades da fruta. Servindo de alimento não só aos animais, como também de estimulante aos guerreiros e de bebida sagrada em alguns rituais.

O nome café

Cientificamente, o café pertence ao gênero Coffea e hoje se tem conhecimento de 103 espécies da planta. Dentre elas as mais comercializadas são “Robusta” e “Arábica”. O Brasil é o maior produtor do tipo “Arábica” seguido pela Colômbia, enquanto o Vietnã é importante produtor do tipo “Robusta”. 

Houve um tempo que se justificava a escolha do nome “Coffea” como homenagem ao local de origem da planta, Kaffa. Porém, hoje se defende que a origem vem da palavra árabe “qah’wa” – ou kahve do turco otomano – que significa vinho ou “elixir da vida” dado o forte impacto que a bebida causa entre seus apreciadores.

Café e exportação

Diante desse breve histórico, percebemos que o café sempre foi um produto de exportação. Assim, antes mesmo das grandes navegações europeias, o café já era um produto de grande interesse comercial. A primeira cafeteria registrada é de 1475 em Constantinopla, atualmente Istambul (Turquia), e sua localização é perfeita.

Porque Constantinopla/ Istambul está fisicamente num trecho de terra colado à Bulgária e à Grécia, embora pertença geopoliticamente à Ásia. E por Istambul cruzam os caminhos entre o Mar Negro e o Mar Egeu. Portanto, importantíssima rota de comércio no século XVI!

Leia também: Supremo Arábica: Proporcionando sabor e uma experiência única aos clientes.

A Itália e a França foram os países mais influentes na disseminação da cultura do café para o restante do mundo. Mas, foi graças aos holandeses que, procurando um local de plantio extremamente fértil para chamar de seu, que o arbusto cafeeiro cruzou o Atlântico chegando às Américas, começando pelas charmosas ilhas da Martinica e São Domingos.

O grão de ouro

Para falar tudo sobre café é necessário que se diga como aqui chegaram as primeiras mudas do arbusto. E infelizmente foi por meio do “jeitinho”. O governador do estado do Pará já estava consciente dos preciosos negócios que o grão de ouro poderia trazer, assim incumbiu alguns subordinados a essa missão.

O sargento-mor Francisco de Melo Palheta, ao conquistar a confiança da esposa do governador de Caiena, na Guiana Francesa, ganhou de presente mudas de café-arábico. Este trouxe de forma clandestina para o Brasil, pois as plantas eram consideradas produtos estratégicos e não poderiam sair dos domínios holandeses sem expressa autorização.

As primeiras plantações ocorreram em Belém e de lá foram para o Maranhão e Bahia. Contudo, foi na região sudeste que o café se sentiu realmente feliz. Na região serrana do Rio de Janeiro, sul de Minas Gerais e praticamente todo o Estado de São Paulo.

O café é tão importante para o Brasil que o seu peso histórico e cultural é mais pesado que o próprio ouro.

O consumo de cafés especiais

A produção cafeeira do Brasil até pouco tempo atrás era massivamente pensada no comércio exterior. Tanto que se afirmava tranquilamente que o bom café brasileiro era exportado e aqui comercializado só o resto. De fato, o café tradicional vendido em supermercados até hoje é feito a partir das frutas demasiadamente maduras rejeitadas pelo padrão exportação.

Entretanto, o consumo de cafés especiais no mercado interno tem aberto novos e deliciosos caminhos. A produção artesanal sempre existiu e resistiu, pois, o seu caminho comercial não seguiu os grandes varejos e se manteve fiel às raízes. De forma que a cultura pelo bom café torrado na hora é uma memória afetiva muito presente.

Graças a essa forte ligação direta, os pequenos produtores – ou nem tão pequenos assim – hoje podem explorar um pouco melhor o poder de venda a um mercado local que está em crescimento. De acordo com a BSCA – Associação Brasileira de Cafés Especiais (sigla em inglês) – a média de crescimento em 2018 foi de 19% ao ano.

Seria presunção nossa achar que podemos falar tudo sobre café num único artigo. Já que a gostosura está em descobrir sempre algo novo ligado ao objeto de nossa paixão. Uma boa próxima xícara a você!